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A renúncia no Fed que pode colocar um “presidente-sombra” no comando do maior banco central do mundo

Adriana Kugler renunciou ao cargo de diretora do Federal Reserve (Fed). Em outra situação, essa seria apenas uma desistência, mas depois que Donald Trump colocou o banco central norte-americano e seu presidente, Jerome Powell, em um caldeirão, a saída dela ganha contornos importantes.

A renúncia Krugler abre caminho para que Trump indique um novo nome ao posto. A equação se fecha quando se coloca na conta o fato de o mandato de Powell — que foi indicado pelo republicano no primeiro mandato — termina em maio de 2026. 

Para Mohamed El-Erian, um dos economistas mais renomados do mundo, a renúncia de Kugler abre espaço para Trump pode indicar um novo nome ao conselho do Fed que seria o presidente “de facto” da autoridade monetária.

Segundo ele, até o fim do mandato de Powell — em maio de 2026 — o sucessor de Kugler poderia ser visto como um “presidente-sombra” do Fed. 

“Isso ocorreria após mais uma semana de intensas críticas presidenciais a Powell”, o presidente da Queen’s College e conselheiro econômico chefe da Allianz.

Vale lembrar que após o período na presidência, Powell ainda teria o direito de continuar como diretor até 2028, mas ele não disse se pretende seguir no Fed. 

Trump comenta a vaga aberta no Fed

No fim da tarde de hoje,  Trump disse estar feliz com a renúncia de Kugler. 

“Estou feliz de ter um espaço aberto, agora, no Fed, com a saída de Kugler”, afirmou o republicano à imprensa na Casa Branca.

Ele aproveitou a ocasião para renovar as críticas a Powell pela manutenção dos juros no que considera níveis elevados demais. 

“Acredito que Kugler tenha discordado do ‘atrasado demais’ sobre a taxa de juros. Vocês sabem quem é o ‘atrasado demais’, certo?”, afirmou Trump sobre Powell.

Essa foi a quinta vez no dia em que o apelido criado pelo republicano foi usado contra o chefe da autoridade monetária.

Outros contornos da saída de Kugler 

Na reunião de política monetária do Fed nesta semana, Kugler esteve ausente por motivos pessoais. 

Na ocasião, Christopher Waller e Michelle Bowman votaram contra a manutenção dos juros na faixa atual de 4,25% e 4,50% ao ano — a primeira vez desde 1993 que dois integrantes do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) divergem do voto da maioria.

Na carta sobre sua saída, ela seguiu o protocolo, agradecendo pelo tempo em que esteve no banco central norte-americano. 

“Sinto-me especialmente honrada por ter atuado no Fed em um momento crítico para cumprir nosso duplo mandato de reduzir a inflação e manter um mercado de trabalho forte e resiliente”, escreveu Kugler. 

Powell, por sua vez, afirmou que a diretora “trouxe uma experiência impressionante e insights acadêmicos valiosos para o trabalho no conselho”.

Durante sua gestão, Kugler foi integrante dos comitês de Estabilidade Financeira, Assuntos dos Bancos Regionais, Assuntos do Conselho e o Subcomitê para Bancos Regionais e Comunitários de menor porte. Ela também representou o Conselho no Centro de Estudos Monetários da América Latina.

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Francisco Gomes

Blog sobre finanças pessoais, investimentos, renda extra, ações, Tesouro Direto e FIIs. Escritor e investidor com foco em expansão internacional

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